quinta feira da espiga

9.5.13









Quando era pequena ia com a minha avó Mathilde apanhar as flores, as espigas e os ramos de oliveira, íamos nós e as vizinhas - a Ilda, a Fátinha e a Maria. Depois atávamos tudo com um cordel, juntávamos um pedaço de pão e pendurávamos na cozinha.
Eu e a minha avó fazíamos sempre dois ramos, o segundo eu levava para casa e oferecia à minha mãe. Era um dia especial que eu adorava.

Nunca deixei de ter o raminho da espiga na cozinha e depois da minha avó morrer, eu comprava-o já feito.
Neste dia tenho sempre muitas saudades da avó Mathilde e gosto de falar dela aos meus filhos, gosto de recordar como ela era divertida e minha amiga.
A minha avó continua a ser uma presença constante na nossa vida, poucos são os dias em que não se utilize uma expressão dela ou que não se fale dela. 
O bebé Cebolinho tem o narizinho à canelinhas, tal e qual como ela tinha e sempre dizia:" nariz arrebitado... mas uma mulher séria".

Desde que mudámos para a Sharneka voltei a fazer o meu próprio raminho da espiga, agora com os meus filhos.
Hoje, depois da escola, lá fomos até ao campo passear e apanhar as flores, as espigas de cereais e os ramos de Oliveira. 
Este dia será sempre um dia especial.



Dia da espiga ou Quinta-feira da espiga é uma celebração portuguesa que ocorre no dia da Quinta-feira da Ascensão com um passeio matinal, em que se colhe espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte.
As várias plantas que compõem a espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso.
Crê-se que esta celebração tenha origem nas antigas tradições pagãs e esteja ligada à tradição dos Maios e das Maias.
dia da espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios.
simbologia por detrás das plantas que formam o ramo de espiga:
  • Espiga – pão;
  • Malmequer – ouro e prata;
  • Papoila – amor e vida;
  • Oliveira – azeite e paz; luz;
  • Videira – vinho e alegria e
  • Alecrim – saúde e força.                                                                                                         

4 comentários:

  1. Também me lembro dela (avó Matilde) muitas vezes e de como eram bem passados aqueles dias lá em casa. Gosto muito também de relembrar esses e outros momentos especiais da minha infância. O João adora andar descalço no rio, na lama, apanhar paus...quem saí aos seus... Beijinhos para todos.
    Já te disse?? Gosto do teu blog!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada Célia, também me lembro muitas vezes de ti e dos nossos bons momentos, foste uma vizinha mesmo boa companhia :-) Beijos para vocês os três.

      Eliminar
  2. Ah, gostei muito destas fotos!
    Bjs
    Daniela

    ResponderEliminar

Se não conseguires fazer um comentário podes enviar para o mail: vivertodososdias@gmail.com Obrigada