jusqu'ici tout va bien

4.3.14


Lembro-me de ter esta idade. Lembro-me tão bem...
Lembro-me das zangas, dos amuos, da sensação de incompreensão.
Do mau humor, da acidez, dos olhares fulminantes.
Lembro-me dos esforços que faziam por me explicar, por me fazer compreender o que era para mim incompreensivel, explicar o que não podia ter explicação.

E agora sou eu. Agora estou aqui a tentar explicar. A negociar.
Tento antecipar, preparo argumentos, elaboro esquemas alternativos, respiro fundo, tento manter a calma.
Sinto-me insegura.
Lembro-me tão bem.
Tenho medo que ruído se instale. Temo o silêncio ensurdecedor também.
Há dias em que transformas um pequeno nada numa tempestade avassaladora que provoca danos irreparáveis. Noutros, sou eu que crio um bicho de sete cabeças, que faço a tempestade num pequeno copo de água.

Há ainda os outros, aqueles em que me surpreendes, em que me apaziguas com o teu olhar terno onde oiço "jusqu'ici tout va bien".
Fecho os olhos e repito "jusqu'ici tout va bien".

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